"As redes sociais dão o direito de falar a uma legião de idiotas que antes só falavam em um bar depois de uma taça de vinho, sem prejudicar a humanidade. Então, eram rapidamente silenciados, mas, agora, têm o mesmo direito de falar que um prêmio Nobel. É a invasão dos imbecis."
― Umberto Eco, ao jornal La Stampa.
Para você que não gostou do post de quarta e achou ruim aquela "fake news": fique tranquilo. Nem tudo é mentira, num tempo onde a verdade é subjetiva. E sim, pode ser que a Rainha já esteja morta de alguma forma. Mas não me joguem na fogueira por causa disso, eu só estava com fone de ouvido quando eu escrevi aquilo.
E as músicas eram da nossa primeira banda a aparecer em uma review: The Smiths. Banda composta por Morrissey, Johnny Marr, Andy Rourke e Mike Joyce. Porém, a banda já mostrava sinais de "desgaste", o que se mostra no álbum. A gravadora deles (Rough Trade Records) e a banda estavam em conflito. Problemas com uns dos integrantes (Andy Rourke), que apresentava vício em heroína.
Muitos problemas, como podem ver. Mas existe uma luz que nunca se apaga, e que vinha do fim do túnel. Eles juntaram toda a desilusão, em vários sentidos, e sintetizaram no álbum The Queen Is Dead. A primeira desilusão vem no nome, que deseja a morte da Rainha Elizabeth II, nos tempos em que Margareth Thatcher era Primeira-Ministra. Eram tempos difíceis e conturbados para todo o Reino Unido.
Quando digo TODO, é TODO mesmo. Os jovens não tinham expectativas para o futuro, em meio a crises estranhas e guerras frias. E não ficaram desamparados na música, porque a banda entregou músicas sobre desilusões amorosas e da juventude também.
Num tempo em que o mundo estava polarizado, qualquer palavra poderia ser considerada ofensa. E por isso, a banda constantemente se envolvia em polêmicas por suas alegações. Eles também não se deixavam abater, e passavam a mensagem, mesmo tendo a possibilidade de serem mal interpretados.
Vamos às faixas, mas estejam atentos, pois algumas faixas são maiores que outras:
The Queen Is Dead: a voz de Morrissey anuncia por terra e por mar a morte da Rainha, e que mesmo morta pode ser que o Reino Unido continue em situação ruim ou que fique em situação pior, em um limbo.
Frankly, Mr. Shankly: alguns apontam essa faixa como uma carta de demissão. Esse que vos escreve acredita que seja um pedido por fama, glória e dinheiro, pela qual vários jovens da época pediam.
I Know It's Over: a música mais triste e dramática do álbum. Fala de várias desilusões, desde amorosa até por motivos de transtorno psicológico (pois o "personagem" da música deseja a morte, e se encontra em um estado depressivo)
Never Had No One Ever: Outra desilusão amorosa, pela qual o Morrissey relata um pesadelo que dura anos, em que sempre fica com ninguém.
Cemetry Gates: os compositores da banda foram acusados de plágio em alguns momentos. Por isso escreveram essa faixa. Em que os personagens visitam lápides, e um deles é enganado por outro, que pega frases dos mortos naquelas lápides e as usa como se fossem deles. E a banda se mostra muito contrária à plágio, mandando um recado à imprensa.
Bigmouth Strikes Again: falando na imprensa, lá vem ela de novo. Mas calma, eles não vão levar um soco, nem ninguém vai para fogueira por falar o que não devia.
The Boy With The Thorn In His Side: a banda se refere a um menino que carregava muitos problemas e ninguém acreditava nele. A primeira música que esse do outro lado da tela conheceu da banda, e a que mais me representava na época. Mas não só eu fui representado, mas várias gerações de pessoas.
Vicar In A Tutu: a banda dessa vez ataca a Igreja novamente (sim, eles também atacaram na primeira faixa). Dessa vez, falando sobre um vigário em um tutu, vestimenta usada para dançar balé.
There Is A Light That Never Goes Out: uma música com nome quilométrico, mas que também é tão reconhecida quanto. A canção fala sobre a fuga de um jovem de uma casa que ele não considera dele, e tem um tom amoroso, porque este escolhe uma pessoa para morrer do seu lado.
Some Girls Are Bigger Than Others: faixa enigmática, pela qual falam que algumas garotas são maiores que outras (cada um interpreta como quiser).
Mesmo sendo pouco conhecida mundo afora, The Smiths é uma das bandas precursoras precursoras do movimento indie. Apesar de esse movimento não parecer como antigamente, vale a pena conhecer a história para fazer algo melhor no futuro. E se acharem ruim o post de quarta, semana que vem eu mato o Bolsonaro.
"Como eles podem ver o amor nos nossos olhos
E ainda não acreditar em nós?
E depois desse tempo todo
Eles não querem acreditar em nós
E se eles não acreditam em nós agora
Eles vão acreditar algum dia?"
The Boy With The Thorn In His Side - The Smiths
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