Review: OS MUTANTES - Os Mutantes (1968) / escrito por Walef Matias

 Eu quis preparar minha resenha reflexiva de sempre, pensei em um álbum bom nacional, deixei separada a quarta feira, programei o post para sair a noite no blog, mas as pessoas nas redes sociais são ocupadas em cancelar e dar atenção a coisas fúteis. É realmente a realidade do artista no Brasil e ela está presente em alguns momentos no álbum de hoje.

Os Mutantes, junto com artistas como Caetano Veloso, foram pioneiros no movimento Tropicália, que usava elementos eruditos, de música nacional, psicodelia e música internacional. Na humilde opinião desse que vos fala, é um álbum que deveria ser mais valorizado, porque é visível nele o reflexo de uma época, em que mudanças aconteciam fora do Brasil e o regime militar da época impedia o povo de conhecer.

Na década em que o rock estava ficando popular no mundo, a guitarra elétrica não era bem aceitas em terras brasileiras. E Os Mutantes eram uma banda com músicas majoritariamente de rock, logo seriam alvos desse preconceito quanto a guitarra também.

Os Mutantes é uma banda formada por vários integrantes, porém na formação do primeiro álbum estavam: Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista, porém com algumas participações especiais, como a do baterista Dirceu.

 Sérgio Dias (em pé), Rita Lee e Arnaldo Baptista

Devo informar que o seu álbum de estreia, que está em destaque na resenha, é baseado na psicodelia, logo algumas faixas podem abrir margem a várias interpretações. Então vou começar a difícil tarefa de definir o sentimento que tive ouvindo, mesmo que me falte várias palavras. Vamos às faixas:

"Panis Et Circenses" traz a metáfora do "pão e circo", para mostrar a situação dos artistas no Brasil, que muitas vezes eram ignorados e boicotados em tempos de ditadura.

"A Minha Menina" traz um tom romântico e animado, e tem a participação de Jorge Ben no violão.

"O Relógio" faz uma analogia ao consumismo, por meio da relação que se tem com o relógio na faixa.

"Maria Fulô" utiliza de metáfora (sim gente, é uma das maiores características da Tropicália) para falar da questão dos retirantes nordestinos, que chegavam ao Sudeste em peso, procurando melhores condições de vida.

"Baby" tenta representar a juventude dos anos 60, mas não deixa de criticar alguns atos da mesma. Faz referência a coisas comuns na década, como lanchonetes, as músicas da época (por ter citado Roberto Carlos) e sobre aprender inglês, o que era comum para os que gostaram e faziam músicas para a Jovem Guarda.

"Senhor F" faz uma crítica a sociedade da época, que via pessoas na TV e tentava imitar o jeito de vida. Uma faixa que se colocava contra o imperialismo na época da Guerra Fria.

"Bat Macumba" junta elementos do rock psicodélico, de instrumentos de religiões de matriz africana e apresenta um tom experimental por apresentar menos letra e mais conteúdo sonoro.

"Le Premier Bonheur du Jour" é uma canção francesa mais conhecida na voz de Françoise Hardy. Fala sobre os prazeres da vida e que, depois da chegada da tristeza, só resta o apagar das luzes no fim do dia.

"Trem Fantasma" tem um tom ambíguo, que este que vos fala interpretou como um trem que leva as pessoas que já não estão mais nesse mundo.

"Tempo No Tempo (Once Was A Time I Thought)"  é uma versão da música do The Mamas And The Papas. Fala sobre como o homem perde tempo pensando negativamente e se privando de viver.

Sobre "Ave Gengis Khan", não tenho muito a dizer. É uma faixa psicodélica e que se parece com um grito de guerra.

A banda Os Mutantes está em atividade até hoje, e grandes nomes da música já passaram pela banda, como Rita Lee e Zélia Duncan. Espero que vocês voltem para mais resenhas. Obrigado e boa noite.

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