O NASCIMENTO DO MEU SEGREDO / escrito por Jair Macedo Neto



Escondi-me, do teu olhar fatal,

ora absurdo, que deixa minha pele marcada

dores em minha barriga,

de volta pra casa, a encolher-me ferido;

teria sido sua falta em mim fazer,

de algo manso, o florescer da rosa,

sem ser primavera:

nasço todo dia como novo, diabólico,

como o anjo, de Deus falando,

amoroso.

Não minto nunca, digo que nunca,

pois nada nele dura,

tenha a saber, flor de ipê.

Assim no amor, assim em mim.

Desejo florescer.


Sou concorrência correndo para o outro lado,

de um pequeno estado,

então não espere que eu seja

seu advogado, um tanto trágico;

nem um tanto verdade,

ainda são tantos armários,

todos abarrotados,

todas essas roupas, encharcadas:

estou a vasculhar-me inteiro,

de encontro a qualquer segredo,

buscando no profundo meu lado vão.

O medo do medo. Um receio.

Uma pessoa perdida nos números.

Nas filosofias numéricas. Todos os dias.

Assim no amor, assim em mim.

Busquei o segredo.


Portanto, continuo a andar sozinho,

na brisa fresca, com algum carinho,

sem acreditar nesse afago,

de amor vazio.

Suas palavras, todas essas escolhas,

palavras dadas, insensíveis,

enclausuradas:

imito a palavra onde você me levar,

não muito longe, pois de você é nada além do que facilmente fez,

e eu encolhi como um tatu

com medo da morte.

De minha morte anunciada.

Um buraco tão fundo,

profundamente instável,

onde renasço vivo e profundo,

e nem sequer tenho mais medo:

a morte assombrada

não me detém. Nunca me para.

Assim no amor, assim em mim.

Dessa liberdade vivo além do que sou.

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