Review: OK COMPUTER - Radiohead (1997) / escrito por Walef Matias



Começo a digitar este post às 20h48, do dia 22/07/2021, quinta-feira. Para ele ser postado no domingo, como de costume. Porém aguarde por notícias de uma nova resenha quarta. A tecnologia não é maravilhosa?????
NÃO. sim. TaLveZ. Depende de para quem ou sobre o quê você vá perguntar. As coisas estão mais rápidas e às vezes mais fáceis, mas as pessoas não parecem muito felizes. Demonstram estar tão cansadas e infelizes, que se rendem em momentos que deveriam lutar.
Essa última frase é a síntese deste álbum, pois é um álbum sobre como a tecnologia modificou nossa rotina. Porém o som da banda Radiohead reverbera de 1997 (ano pelo qual este que vos fala nem estava nascido), e chega em 2020. Mas deve ter mudado muita coisa desde essa época, não?
Com certeza, não. Algumas coisas mudaram, afinal temos Wi-Fi e acabou a internet "discada". Mas quanto ao emocional e a tudo que nos faz mal, essas coisas não mudaram. Chama-se isso de anacronismo (qualquer coisa, peguem um dicionário).
Esse álbum marcou a história do Radiohead, pois a partir dele o som da banda passou a ser mais eletrônico, porém o rock não foi esquecido. Neste álbum, percebe-se uma transição de estilos: o estilo indie rock antigo da banda, e o estilo eletrônico que era almejado.
Os integrantes da banda são (da esquerda para a direita): Thom Yorke (vocal, guitarra, piano), Jonny Greenwood (guitarra, piano, ondas martenot), Colin Greenwood (baixo, sintetizador), Ed O'Brien (guitarra, sintetizadores, vocal de apoio) e Phil Selway (bateria, percussão). A banda segue em atividade.

As faixas foram inspiradas por obras da cultura pop, mas vale citar uma inspiração que eles tiveram para algumas delas: a franquia Exterminador do Futuro (que na época não era quilométrica como é hoje). Então algumas faixas tem um tom de urgência ou de possível futuro distópico. Então vamos às faixas:
Em "Airbag", sentimos um tom messiânico vindo pela voz de Thom Yorke, que diz que ele nascerá de novo, com objetivo de salvar o universo. Um fato curioso que o nome esconde é que Thom Yorke a escreveu lembrando de um acidente em que sofreu com sua namorada um tempo antes. A partir daí, algumas músicas, em cada álbum, fazem referências ao ocorrido.
"Paranoid Android" chega num tom tranquilo, mas assustador. Isso é acentuado graças a promessa que faz referência ao álbum The Wall: "quando eu for rei, você será o primeiro a ficar contra o muro". (Videoclipe abaixo)
 

"Subterranean Homesick Alien" conta a história de uma pessoa que deseja descobrir se existem aliens no subterrâneo. Além disso, essa pessoa não se importaria em ser considerada maluca, pois teria cumprido seu objetivo. A faixa faz referência a Subterranean Homesick Blues do Bob Dylan.
"Exit Music (For A Film)" foi inspirada pelo filme Romeu E Julieta, de 1996. No filme (spoiler de obra shakesperiana nem existe, então vou falar sim), ambos os protagonistas morrem, mesmo tentando fugir de suas famílias que se antagonizavam.
Em "Let Down", sente-se a angústia dos tempos tecnológicos. As pessoas desse tempo ficam para baixo, agarradas em garrafas e sempre estão frustradas. O tom depressivo na música já indica que a origem destes sentimentos seria patológica, por ansiedade, depressão e outros transtornos.
"Karma Police" é a faixa que sintetiza a falta de empatia e a hipocrisia que já existiam nas tecnologias da época, seja na TV ou no computador nem tão popularizado. Chamaríamos hoje em dia o fenômeno visto na música de "cancelamento". (Videoclipe abaixo)



Falando em cancelar, "Fitter Happier" tenta cancelar tudo que a sociedade considera ruim. Porém algumas coisas que nos tornam humanos vai embora no processo. E restaria a revolta ou a resignação.
"Electioneering" vem revoltada, porém com a política moderna, em que economias voodoo e milagres econômicos acontecem, e ninguém se preocupa com explicações do porque isso acontece (nem todo mundo, os artistas sempre estão de olho. Vide resenha do álbum Milagre dos Peixes).
"Climbing Up The Walls" chega com um tom paranóico e amedrontador, em que Thom Yorke passa a sensação de estar sendo perseguido por máquinas. É uma das músicas do álbum que mais referencia a franquia Exterminador do Futuro.
"No Surprises" é uma música sobre desistência. Em que a pessoa não quer sofrer mais nada e resolve sair dessa vida para evitar mais sofrimento. Sim, isso é um alerta de gatilho. (Videoclipe abaixo)
 

"Lucky" é mais uma música com referência a Exterminador do Futuro. Na letra, é dita a frase "Me mate, Sarah. Me mate de novo, com carinho" em que se refere diretamente a Sarah Connor e o retorno dos robôs, num ciclo que nunca parece acabar (como uma Samsara). (Videoclipe abaixo)



"The Tourist" é de certa forma enigmática. Mas o que dá para se entender é que, em dado momento, há indícios de que os eventos aqui levem ao acidente da primeira música, formando assim um ciclo (como citado em Lucky).
 

Considerado por muitos o último grande álbum do rock, OK Computer é um álbum bem pensado, bem produzido e visionário, pois previu possíveis consequências da tecnologia que não eram passageiras, e sim que poderiam evoluir e mudar a sociedade para sempre. Mas temos que olhar para o  nosso passado, aprender com ele e fazer do dia de amanhã, um dia glorioso. Obrigado pela atenção e até a próxima!

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