Estava muito frio ao sair,
O casaco mal me cobria
Os meus olhos apertados, estremecidos,
no ar gelado, nas vozes
Dos meus demônios alados
De novo
A ti devolvo toda sabedoria
Roubada de ti
Por mim,
Com encanto. No impulso da minha infância renascida.
Sorte que não levou pra si,
O meu único desejo,
A chama que aquece meu polegar,
Numa canção perdida, entrelinhas,
A vasculhar-lhe, meus olhos
Orgulhosos. Sensíveis.
Mas agora ficamos na espera descomunal, na sala oval,
Dos teus derradeiros sonhos
joviais.
Somos agora vidas contidas entre desvios e entalhes frios,
palavras e galhos secos, deserto ao meio, o espírito relevo, errante
na madeira grossa desse amor líquido, invisível
Com os aguaceiros de minha vida humana.
Buscamos assim as palavras perdidas,
poesia simples, cartas mal escritas, canções nunca ditas,
uma crença que nos alimente,
do frio da estrada
Da falta de uma coragem entranhada
Em nossas mãos solitárias
nos nossos dias enterrados,
em becos escuros, de sombra e luz.
No amontoado de cordas desfeitas, nas árvores de nossa vida inteira,
Nossas vidas inteiras
crescendo nesse solo dolorido,
insatisfeito, aos olhos secos,
no silêncio do Tudo Ouve,
contemplamos com avidez a delicadeza do expoente
Entre o sol e o mar
Misturados em um só
Como uma vida nascida do pó
Das estrelas.
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