A BUSCA / escrito por Jair Macedo Neto


Estava muito frio ao sair,

O casaco mal me cobria

Os meus olhos apertados, estremecidos,

no ar gelado, nas vozes

Dos meus demônios alados


De novo

A ti devolvo toda sabedoria

Roubada de ti

Por mim,

Com encanto. No impulso da minha infância renascida.


Sorte que não levou pra si,

O meu único desejo,

A chama que aquece meu polegar,

Numa canção perdida, entrelinhas,

A vasculhar-lhe, meus olhos

Orgulhosos. Sensíveis.


Mas agora ficamos na espera descomunal, na sala oval,

Dos teus derradeiros sonhos

joviais.

Somos agora vidas contidas entre desvios e entalhes frios,

palavras e galhos secos, deserto ao meio, o espírito relevo, errante

na madeira grossa desse amor líquido, invisível

Com os aguaceiros de minha  vida humana.


Buscamos assim as palavras perdidas,

poesia simples, cartas mal escritas, canções nunca ditas, 

uma crença que nos alimente,

do frio da estrada

Da falta de uma coragem entranhada

Em nossas mãos solitárias

nos nossos dias enterrados,

em becos escuros, de sombra e luz.


No amontoado de cordas desfeitas, nas árvores de nossa vida inteira,

Nossas vidas inteiras

crescendo nesse solo dolorido,

insatisfeito, aos olhos secos,

no silêncio do Tudo Ouve,

contemplamos com avidez a delicadeza do expoente

Entre o sol e o mar

Misturados em um só

Como uma vida nascida do pó

Das estrelas.

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