Review: FALSO BRILHANTE - Elis Regina (1976) / escrito por Walef Matias

Hoje eu vou falar do que aprendi nos discos. Em especial, este da resenha de hoje. Eu sinto como se recebesse (por meio deste álbum) conselhos de uma mulher mais velha, que já viveu algumas décadas, e que não quis viver no passado.

Elis Regina sempre foi assim: agitada, vibrante e visionária. Essa é a lembrança dela que eu quero passar nessa resenha. É um álbum sobre lembranças e amadurecimento, e mesmo já antigo, não perde o vigor que tinha em seu lançamento.
O álbum surgiu de um espetáculo com elementos circenses, que contava a história e carreira de Elis Regina. O álbum mostra o amadurecimento dela, como ela via o passar dos anos e a essência da que era chamada de "Pimentinha". Finalmente, as faixas:
Composta por Belchior e chegando ao auge pela voz da Elis, "Como Nossos Pais" mostra uma história de uma pessoa que percebe que não tem todo tempo do mundo, e que não pode viver como na época de seus pais.
"Velha Roupa Colorida" também é composta por Belchior e traz um tom sessentista, é energética e demonstra o sentimento vanguardista da Elis.
"Los Hermanos" é composta por Atahualpa Yupanqui (pseudônimo de Hector Roberto Chavero) e é uma faixa que o argentino demonstra empatia com os brasileiros, que também passavam por uma ditadura. Parece uma música simples, mas a última frase demonstra o energético pedido por liberdade.
"Um Por Todos", composta por Aldir Blanc e João Bosco, desmitifica o herói, mostrando que apesar de muitos considerarem demais um herói, ele não passa de uma pessoa comum, com qualidades e defeitos.
"Fascinação", composta por Armando Louzada e Marchetti, traz uma faixa romântica, com uma inocência nos sentimentos, mas sem deixar de ser adulta.
"Jardins De Infância", também composta pela dupla da faixa anterior, mostra a situação do Brasil como se o país fosse um jardim de infância, em que alguns só querem brincar, evitar amadurecer e ver a verdade.
"Quero", de Thomas Roth, mostra um sonho utópico, que pede um mundo melhor e menos caótico. Apesar do tom de inocência, faz críticas sociais ao que acontecia na época.
"Gracias A La Vida", de Violeta Parra, traz um tom romântico, mas no fim mostra companheirismo aos latino americanos (a compositora era natural do Chile).
"O Cavaleiro E Os Moinhos" (de novo Blanc e Bosco, pessoal) mostra como estava a luta pela liberdade na sociedade da época. Pessoas, que antes eram como qualquer outra, se tornam verdadeiros cavaleiros, lutando por causas que parecem perdidas.
"Tatuagem", composta por Chico Buarque e Rey Guerra, mostra uma devoção grande a pessoa amada. Tem tom romântico, porém provocante.

Elis Regina contou sua fábula, em meio a faixas alegres, românticas ou tristes. Pois assim é a vida: não é constante, nem mesmo previsível. A vida é um espetáculo, onde você pode ser o personagem principal, ou o coadjuvante mais esquecível. Pois esperem pela minha volta muito em breve, muito mesmo. Boa noite, pois o show não pode parar.
 

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